Virada Cultural X Segurança

Ontem, Virada Cultural em Sampa. A programação prometia. Olhei várias vezes aquela tripa que era o site (n.m. para organização: navegação em flash, por palco, ia ficar bacana, não?) e tinha escolhido mais ou menos o que queria assistir. Madrugada? NOT. Descartei as possibilidades de me sentir insegura. Afinal, por mais que se defenda que Virada é seguro, estamos em São Paulo, né?

E olha que tinha coisa legal de madrugada para assistir. Mas isso foi outra coisa que me deixou um pouco irritada: a distribuição de shows. Exemplo disso foi a Pitty tocar às 9h30 de hoje de pijama – horário infeliz!

Bem, ontem fui assistir Buena Vista Social Club. Cheio. Mas lindo. Fiquei emocionadíssima, principalmente porque lembrei muito do meu pai. Dei para ele um DVD da banda e lembrei o tempo todo como ele ama! E ver um show dos caras com os integrantes originais (tinham dois no palco, bem velhinhos) é coisa para se guardar no coração.

Dali, resolvemos ir ao Vale do Anhagabaú ver um show de bonecos de Barcelona e um cara chamado Aírto Moreira (desculpa a minha ignorância, mas não sabia quem era até chegar lá). Mas foi uma mistura de jazz e MPB super estilosa e o som estava ótimo.

Mas o que me fez repensar minha participação na Virada não foram os dois shows, mas o caminho entre eles. Como disse ali em cima, não gosto de me sentir insegura. O clima nos eventos estava super tranquilo, povo bonito (e bota bonito nisso) e curtindo mesmo. Mas, no caminho entre as atrações, nas esquinas e calçadas, é que a gente encarava a realidade do Centro de SP – e o porquê da sua fama de trash.

Saindo da estação Júlio Prestes, vi uma das coisas que mais me chocou na vida. Umas 30 pessoas, algumas crianças com menos de 10 anos, outros velhinhos, to-dos fumando crack. Horrível. Porque nada, nenhuma droga, é tão horrível quanto ao crack. E, no meio daquelas pessoas, uma senhora, de uns 40 anos, bem vestida, cara de professora, negociando e comprando crack. Tudo isso a 10 metros de uma viatura da polícia.

E eu pensei: porra, que merda de poder público é esse??? A polícia lá para agir se algum daqueles “vagabundos” roubasse uma bolsa, um celular. Mas não estava lá para coibir tráfico?

E o caminho até o Vale foi assim: prostitutas aproveitando o movimento, cenas de perseguição como um filme de ação, traveco com o piru de fora, homem batendo em mulher… Cinco policiais em cima de um bêbado, sendo carregado, enquanto sua filha de uns 6 anos implorava para largarem seu pai. Me senti tão impotente.

Não dá para resumir a Virada apenas nisso, eu sei. Ele é um movimento legítimo cultural que tende a ficar cada vez mais forte. Defendo sua permanência. Mas defendo também gastar recurso com aquilo que a população do Centro de São Paulo precisa: casa, clínicas de reabilitação e segurança.

Para mim não é válida a diversão pela diversão. Diversão com segurança é essencial.

2 Comentários

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2 Respostas para “Virada Cultural X Segurança

  1. Jace

    …me pus a pensar sobre o que tu escrevestes e “vi literalmente as cenas”…”do luxo ao lixo” (Joãozinho Trinta)…e me senti perdida…que bandeiras devo levantar (principalmente agora em ano de Eleições)? …não sei, o que sei é que existe uma palavra utilizada vulgarmente…Cidadania…cadê ela? cadê o Poder Público ou Políticas Públicas? e me pergunto então, será que o Pré-Sal (importantíssimo para alguns!!!!)…será a solução para tanta desigualdade social?…ironia, mas mesmo assim não quero deixar de acreditar no “Ser Humano”…

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